BALANÇA COMERCIAL – 2º TRIMESTRE DE 2012

Luhan Martins Reigoto

O segundo trimestre de 2012 apresentou, em geral, dois movimentos distintos, um crescimento frente ao primeiro trimestre de 2012 e uma queda se comparado ao segundo trimestre de 2011.

O saldo da balança comercial do segundo trimestre do ano corrente, que foi de US$ 4,6 bi, apresentou crescimento de 91,26% em relação aos três meses anteriores, mas se colocado lado a lado com os mesmos meses de 2011, sofreu uma queda de 52,74%. (Vide gráfico 1)

As exportações também seguiram o mesmo padrão, porém com proporções diferentes, totalizando US$ 62,1 bi no segundo trimestre de 2012, ampliando-se 12,81% frente ao trimestre imediatamente anterior e sofrendo redução de 7,36% contra o segundo trimestre do ano passado. (Vide gráfico 1)

As importações contrariaram levemente essa tendência, pois mostraram um crescimento mínimo na equiparação ao segundo trimestre de 2011, elas contabilizaram US$ 57,5 bi no acumulado dos meses de abril, maio e junho de 2012, com variações positivas de 9,19% e 0,41% na comparação com o primeiro trimestre do ano corrente e com o segundo trimestre do ano anterior respectivamente. (Vide gráfico 1)

A corrente de comércio, mantendo a tendência, somou US$ 119,6 bi no segundo trimestre de 2012, variando 11,04% frente ao trimestre anterior e caindo 3,78% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. (Vide gráfico 1)

Gráfico 1

image001

Fonte: MDIC/SECEX. Elaboração própria.

EXPORTAÇÕES

As exportações, detalhadas por fator agregado realçam a tendência de crescimento frente ao primeiro trimestre de 2012 e redução frente ao segundo trimestre de 2011.

As exportações de produtos básicos representaram US$ 31,3 bi, mostrando crescimento de 27,47% na comparação com trimestre anterior e redução de 6,63% para o mesmo trimestre do ano anterior. (Vide gráfico 2)

As exportações de produtos manufaturados somaram US$ 21,8 bi, ampliando-se em 1,08% se relacionado ao primeiro trimestre de 2012 e regredindo 7,44% se relacionado ao segundo trimestre de 2011. (Vide gráfico 2)

As exportações de produtos semimanufaturados totalizaram US$ 7,6 bi, evoluindo 0,29% frente aos três meses anteriores de 2012 e uma retração de 16,05% frente ao segundo trimestre do ano passado. (Vide gráfico 2)

As transações especiais registraram US$ 1,5 bi, com crescimento de 4,05% em relação ao acumulado dos meses de janeiro, fevereiro e março de 2012 e redução de 1,28% em relação ao acumulado dos meses de abril, maio e junho de 2011. (Vide gráfico 2)

Gráfico 2

image004

Fonte: MDIC/SECEX. Elaboração própria.

As tabelas a seguir detalham melhor os principais produtos exportados pelo Brasil e seus principais países compradores. (Vide tabelas 1 e 2)

Tabela 1

Exportações – Fator agregado

2º tri/2012

Variação

Variação

Variação

US$ (FOB)

US$

Kg

US$/t

PRODUTOS BÁSICOS

Soja mesmo triturada

8.699.981.418

20,70%

10,76%

8,74%

Minérios de ferro e seus concentrados

8.067.779.218

-21,08%

2,13%

-22,67%

Óleos brutos de petróleo

5.095.944.957

-14,99%

-18,26%

3,46%

Carne de frango congelada

1.688.652.868

-7,92%

2,36%

-10,07%

Farelos e resíduos da extração de óleo de soja

1.675.005.609

-6,67%

-11,05%

4,38%

PRODUTOS MANUFATURADOS

Óleos combustíveis

1.343.823.723

17,70%

16,61%

0,74%

Aviões

1.246.701.857

56,65%

63,15%

-4,78%

Partes e peças para veículos automotores e tratores

933.889.696

-11,17%

-11,62%

0,66%

Automóveis de passageiros

932.561.491

-10,41%

-15,29%

6,02%

Máquinas e aparelhos para terraplanagem, perfuração, etc

595.534.125

6,03%

1,62%

4,14%

 PRODUTOS SEMIMANUFATURADOS

Açúcar de cana em bruto

1.680.626.925

-31,83%

-28,95%

-3,94%

Pastas químicas de madeira

1.132.095.694

-5,78%

2,12%

-7,73%

Produtos semimanufaturados de ferro ou aços

1.077.198.463

-17,37%

-4,33%

-13,30%

Ferro-ligas

742.765.288

12,36%

22,84%

-8,10%

Óleo de soja em bruto

671.037.281

32,77%

37,12%

-3,49%

Fonte: MDIC/SECEX. Elaboração própria.

Tabela 2

Exportações – Países e produtos – (FOB) – US$

2º tri/2012

Variação

CHINA

13.265.735.656

2,78%

Soja mesmo triturada

6.654.546.732

30,83%

Minérios de ferro e seus concentrados

3.564.022.892

-26,89%

Óleos brutos de petróleo

1.158.981.270

-19,31%

ESTADOS UNIDOS

6.796.941.214

0,23%

Óleos brutos de petróleo

1.759.467.719

2,19%

Produtos semimanufaturados de ferro ou aços

456.145.558

-15,52%

Ferro fundido bruto e ferro “spiegel”

221.399.493

-34,26%

ARGENTINA

4.275.993.919

-24,54%

Automóveis de passageiros

772.674.967

-8,41%

Partes e peças para veículos automotores e tratores

451.603.464

-26,16%

Veículos de carga

224.567.608

-35,25%

PAÍSES BAIXOS

3.626.614.666

-4,17%

Óleos combustíveis

473.339.543

148,56%

Minério de ferro e seus concentrados

465.760.417

-37,41%

Farelo e resíduos da extração de óleo de soja

455.808.093

-7,88%

ALEMANHA

1.856.210.426

-19,55%

Café cru em grãos

246.785.683

-37,19%

Minério de ferro e seus concentrados

230.241.042

-26,69%

Farelo e resíduos da extração de óleo de soja

162.524.922

-17,43%

Fonte: MDIC/SECEX. Elaboração própria.

 

IMPORTAÇÕES

            As importações, diferentemente do saldo da balança comercial e das exportações, não apresentaram a mesma tendência dos seus antecessores, pois tiveram comportamento mais heterogêneo. Mesclando queda e crescimento frente ao primeiro trimestre de 2012, como também ao segundo de 2011.

As importações de bens de capital somaram US$ 12,5 bi no segundo trimestre de 2012, com evolução de 8,60% na comparação com o trimestre anterior e de 3,81% para o mesmo período do ano anterior. (Vide gráfico 3)

As importações de bens de consumo duráveis representaram US$ 5,4 bi no segundo trimestre do ano atual, com quedas de 1,70% e 7,34% em relação ao primeiro trimestre de 2012 e ao segundo de 2011, respectivamente. (Vide gráfico 3)

As importações de bens de consumo não duráveis totalizaram US$ 3,9 bi no acumulado dos meses de abril, maio e junho de 2012, apresentando redução de 11,55% frente aos três meses anteriores e um crescimento de 4,27% para os mesmos meses do ano anterior. (Vide gráfico 3)

As importações de combustíveis e lubrificantes contabilizaram US$ 10,9 bi no segundo trimestre do ano corrente e teve resultados positivos se analisados com o primeiro de 2012 e o segundo de 2011, que foram 37,57% e 11,75%, respectivamente. (Vide gráfico 3)

As importações de matérias-primas e produtos intermediários foram US$ 24,8 bi no segundo trimestre de 2012, com ampliação de 6,39% frente ao trimestre imediatamente anterior, e redução de 4,27% para o mesmo trimestre de 2011. (Vide gráfico 3)

Gráfico 3

image006

Fonte: MDIC/SECEX. Elaboração própria.

As tabelas abaixo deixam mais claro os principais produtos importados pelo Brasil e seus países de origem. (Vide tabelas 3 e 4)

Tabela 3

Importações – Categorias de uso – (FOB) – US$

2º tri/2012

Variação

BENS DE CAPITAL

Maquinaria industrial

4.285.394.455

3,64%

Maquinas e aparelhos de escritório, serviço científico

2.034.303.409

4,62%

Partes e peças para bens de capital para indústria

1.730.720.233

-0,03%

Equipamento móvel de transporte

1.643.600.427

31,77%

Acessórios maquinaria industrial

818.888.525

-1,59%

BENS DE CONSUMO DURÁVEIS

Veículos automóveis de passageiros

2.511.532.848

-18,51%

Máquinas e aparelhos de uso doméstico

1.186.656.088

1,32%

Objetos de adorno, uso pessoal e outros

954.452.084

11,24%

Partes e peças para bens de consumo duráveis

296.125.299

7,73%

Móveis e outros equipamentos para casa

247.563.617

6,17%

BENS DE CONSUMO NÃO DURÁVEIS

Produtos farmacêuticos

1.386.673.015

6,26%

Produtos alimentícios

1.064.699.796

-5,51%

Vestuário e outras confecções têxteis

496.564.450

21,00%

Produtos de toucador

243.151.463

-1,28%

Bebidas e tabacos

141.377.235

5,63%

MATÉRIAS-PRIMAS E PRODUTOS INTERMEDIÁRIOS

Produtos químicos e farmacêuticos

6.784.916.223

-2,51%

Produtos minerais

5.157.132.760

-3,42%

Acessórios de equipamentos de transporte

3.529.867.499

2,11%

Produtos intermediários – partes e peças

3.354.765.035

2,79%

Outras matérias-primas para agricultura

2.148.733.681

-21,40%

Fonte: MDIC/SECEX. Elaboração própria.

Tabela 4

Importações – países e produtos – (FOB) -US$

2º tri/2012

Variação

ESTADOS UNIDOS

8.325.460.856

-2,74%

Óleos combustíveis

731.904.842

60,53%

Motores e turbinas para aviação e suas partes

485.567.184

19,94%

Hulhas, mesmo em pó, mas não aglomeradas

343.545.729

-28,27%

CHINA

7.874.114.647

4,24%

Partes de aparelhos transmissores ou receptores

455.132.367

13,30%

Partes e acessórios de máquinas automáticas para processamento de dados

428.872.906

57,94%

Máquinas automáticas para processamento de dados e suas unidades

350.513.845

6,64%

ARGENTINA

3.771.531.244

-11,96%

Automóveis de passageiros

812.928.955

-26,58%

Veículos de carga

501.973.338

43,31%

Trigo em grãos

345.487.157

-13,86%

ALEMANHA

3.741.375.783

-4,63%

Medicamentos para medicina humana e veterinária

270.796.075

-0,49%

Cloreto de potássio

213.381.414

64,13%

Partes e peças para veículos automotores e tratores

150.743.361

-21,17%

CORÉIA DO SUL

2.471.150.542

-10,26%

Automóveis de passageiros

368.597.848

-36,01%

Partes de aparelhos transmissores ou receptores

315.250.154

3,39%

Circuitos integrados e micro conjuntos eletrônicos

175.773.081

1,16%

Fonte: MDIC/SECEX. Elaboração própria.

A tabela a seguir, faz uma relação das importações via preços e quantidade, por isso, está aberta por fator agregado.

Tabela 5

Importações – Fator agregado

2º tri/2012

Variação

Variação

Variação

US$ (FOB)

US$

Kg

US$/t

PRODUTOS BÁSICOS

8.272.147.742

-7,38%

-5,44%

Petróleo em bruto

4.525.050.770

3,07%

3,19%

0,03%

Gás natural

936.939.180

58,08%

17,46%

34,12%

Hulas, mesmo em pó, não aglomeradas

682.976.634

-31,17%

-23,23%

-10,24%

PRODUTOS MANUFATURADOS

46.977.952.515

2,49%

-1,01%

Automóveis de passageiros

2.298.279.084

-20,32%

-22,34%

2,59%

Óleos combustíveis

2.293.900.359

20,40%

14,81%

3,89%

Naftas

1.751.603.315

32,25%

25,59%

3,82%

PRODUTOS SEMIMANUFATURADOS

2.243.633.196

-9,84%

-25,29%

Cloreto de potássio

806.275.429

-18,28%

-30,90%

18,31%

Catodos de cobre e seus elementos

526.771.217

-8,61%

2,68%

-11,18%

Borracha sintética e borracha artificial

214.677.265

21,22%

7,88%

12,22%

Fonte: MDIC/SECEX. Elaboração própria.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

TAXA DE CÂMBIO

            A taxa de câmbio média do segundo trimestre de 2012 foi de R$/US$ 1,96. Taxa que apresentou crescimento de 11,06% frente ao primeiro trimestre de 2012, cuja taxa de câmbio foi de R$/US$ 1,77. E na comparação com o segundo trimestre do ano passado, mostrou ampliação de 23,07%, cuja cotação era R$/US$ 1,60. (Vide gráfico 4)

Gráfico 4

image007

Fonte: BCB. Elaboração própria.



[Palestra] “Rentabilidade, acumulação de capital e crescimento econômico: Uma análise marxista” com Juan Pablo Mateo

Palestra com Juan Pablo Mateo

Hoje, dia 17/12/2012 recebemos na Faculdade de Economia, Juan Pablo Mateo, Doutor pela UCM – Universidad Complutense de Madri e Professor da Universidad Pontificia Comillas, que ministrou uma palestra com o tema:

“Rentabilidade, acumulação de capital e crescimento econômico: Uma análise marxista”

Nós do PET, gostaríamos de agradecer a todos que compareceram para prestigiar o encontro, e em especial ressaltar a ilustre presença dos professores Marcelo Carcanholo e Lérida Povoleri.

Muito obrigado e até a próxima!

SPREAD, GOVERNO E CRESCIMENTO ECONÔMICO

Jessé Augusto e Kallel Goulart da Mota

A definição do que vem a ser Spread bancário, bem como a metodologia da análise de sua composição, são importantes para qualquer trabalho cujo assunto aborde a intermediação financeira.  Fugindo desse debate, propõe-se como definição sintética de spread como a diferença entre as taxas de juros básicas (de captação) e as taxas finais (custo ao tomador). Quanto à análise de sua composição, muito desenvolvida pelo Projeto Juros e Spread Bancário do Banco Central, desde 1999, procurou-se considerá-lo como constituído por custo administrativo, impostos, custo de direcionamento, inadimplência e margem líquida para erros e omissões.

A pesquisa envolvendo os altos spreads na economia brasileira possui muitos argumentos diferentes, os mais relevantes são a alta concentração do setor bancário como típico de países em desenvolvimento e a instabilidade de fatores macroeconômicos, tais como: a volatilidade da taxa Selic (que aumenta a aversão ao risco de crédito das instituições bancárias), o baixo crescimento da produção industrial (que aumentaos níveis de inadimplência dos empréstimos) e por fim a elevada lucratividade oferecida pelas aplicações em títulos públicos (que constituem alternativa líquida e segura de investimento). Assim, os altos patamares das taxas de juros da economia brasileira caracterizar-se-iam pelas condições macroeconômicas recentes e um spread elevado seria uma importante causa de baixas taxas de crescimento econômico.

Na busca por crescimento pleno, o sistema financeiro, ao cumprir sua função intermediária de alocar recursos entre entes superavitários e deficitários, exerce papel essencial em uma economia. Todavia, se ele não exercer seu papel eficientemente, a economia de um país corre o risco de não desenvolver-se adequadamente – tendo a partir daí consequências negativas ao crescimento econômico. A forte regulamentação do sistema bancário possui objetivos prudenciais, visa reduzir o risco sistêmico e aprimorar a estabilidade econômica. Portanto, para que seja possível o controle eficaz, o Brasil possui diversos órgãos e entidades com a responsabilidade de normatizá-lo e de executar políticas públicas relacionadas ao sistema financeiro, tornando-o um dos mais desenvolvidos. O que em boa parte contribuiu para a diminuição dos efeitos da crise de 2008 no país.

O Governo e o Banco Central têm trabalhado juntos para possibilitar a expansão da oferta de empréstimos e financiamentos, reduzindo custos e riscos das operações de crédito. Com base nos relatórios de Economia Bancária e Crédito do Banco Central, verifica-se a implantação de várias medidas desde a implantação do Projeto Juros e Spread Bancário, com muitos sucessos e perdas devido à volatilidade econômica mundial nesse mesmo período.

Em seu relatório de Abril, o Banco Central do Brasil informou que as Instituições Financeiras (IF) são detentoras de aproximadamente 29,5% de todos os títulos da dívida emitidos. Estes títulos são emitidos pelo Tesouro Nacional (orgão do Governo Federal) com a finalidade de arrecadar recursos para investimento ou para a própria manutenção da dívida pública. No mesmo momento o estoque dos títulos emitidos era da ordem de 1,794 trilhões de Reais, ou seja, o setor financeiro tem 529,65 bilhões de Reais em ativos com o Governo Federal ¹. O custo médio da Dívida acumulada nos 12 meses anteriores até abril de 2012 é de 12,59% ao ano, um considerável retorno nominal de 66,68 bilhões de reais, demonstrando  que mesmo com baixo risco oferecido pelo  governo aos bancos, as taxas de juros oferecidas são altas. Dessa maneira há desestímulo aos bancos a correrem riscos e redirecionarem os recursos devidos. Reduzindo o potencial de investimento  e de consumo.

Segundo o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos)  as demonstrações financeiras dos 5 maiores bancos do país (Banco do Brasil, Caixa Economica, Bradesco, Itaú Unibanco e Santander) em relação aos depósitos compulsórios  em 2010 resultaram em aproximadamente 17 bilhões em juros e em 2011 essa soma apresentou um aumento de 97,4% para 33,6 bilhões, representando mais de 60% do lucro líquido dos bancos ². Tais receitas advindas de investimentos com risco praticamente zero não motiva os bancos a financiar pessoas jurídicas e físicas  a juros baixos. Isso acaba gerando um outro gasto indireto ao governo quando subsidia os empréstimos do BNDES a vários setores da economia.

O contraste de tais fatos com as medidas governamentais recentes, como a redução da taxa SELIC e a redução dos juros nos bancos públicos para pressionar a redução dos juros nos bancos privados e as várias mudanças feitas pelo governo na cobrança do IOF sobre operações de captação no exterior, para estabilizar o câmbio, não parecem seguir a política de redução do spread bancário. Em março o governo aplicou a alíquota de 6% sobre as operações de até cinco anos que antes era cobrada apenas em operações de até três anos. Na época o governo tentava controlar a entrada de moeda estrangeira que reduzia a cotação do dólar, afetando a indústria nacional. Três meses depois, em junho o governo voltou atrás e igualou o IOF a zero para operações com mais de dois anos. Dessa vez, com a valorização do dólar, o governo buscou atrair mais moeda americana e aumentar a disponibilidade de crédito no país. Pode-se notar que a regra do IOF está sendo utilizada como instrumento de controle cambial, que por sua vez desestabiliza a expectativa dos investidores  e não acompanha coerentemente a política de redução do spread. Tais variações, somadas aos juros oferecidos pelo governo por sua dívida, permitem o aumento da volatilidade do câmbio e a especulação financeira. Mesmo que os investimentos estrangeiros em carteira (IEC) apresentem redução e aparente substituição pelos investimentos estrangeiros direto(IED).

As tentativas de redução das taxas de juros praticadas no Brasil apresentam-se muitas vezes sem sincronia, principalmente pelos baixos custos de captação no exterior e pela remuneração dos títulos públicos que fornecem baixo risco ao sistema financeiro monetário privado. Um dos prováveis motivos que explicam os juros demasiado altos à pessoa física oferecido pelos bancos privados. O governo deveria examinar tais medidas em busca não só de convergir os juros aos consumidores a valores mais civilizados, como também diminuir o gasto público com o serviço da dívida, permitindo a melhor alocação dos recursos superavitários sob riscos morais seguros e crescimento econômico a patamares melhores e sustentáveis.

Fontes: (¹) Banco Central do Brasil

  • (¹)Desempenho dos Cinco Maiores Bancos em 2011 – DIEESE
por PET-Economia/UFF Publicado em Resenhas

Análise de Conjuntura da Indústria – 2° Trimestre de 2012

Felipe Moraes

Orientadora: Lérida Povoleri

A grande expectativa de a Indústria brasileira retomar o crescimento ainda não foi alcançada, mesmo com inúmeros esforços das grandes instituições públicas visando reaquecer a economia nacional. Dentre os principais estímulos estão aqueles que mais são comentados na mídia, no caso, as reduções nas taxas de juros, o controle da ainda estável inflação, estímulo ao crédito e também o papel das desonerações buscando um estímulo ao consumo e consequentemente na demanda industrial.

O Segundo trimestre de 2012 não apresentou grandes mudanças em relação aos últimos trimestres, e as maiores surpresas estão no Comércio Exterior, onde no mês de Junho presenciou-se queda nos índices de quantidade tanto nas importações quanto nas exportações. O emprego manteve-se num patamar estável, enquanto a produtividade oscilou em torno de sua média de acordo com certa sazonalidade.

Um dos índices mais preocupantes na conjuntura atual, a Produção Física Média, por se tratar do principal meio de medir a atividade da Indústria, manteve a tendência de queda que já acontece a sucessivos meses. A situação torna-se mais preocupante ao ver que em Junho de 2012 o índice chegou a seu menor nível desde o início de 2010. No entanto, a queda não tem sido tão vertiginosa quanto no período de Julho até Novembro de 2011. Ao se comparar o desempenho da Indústria geral entre o primeiro e segundo trimestre de 2012, percebe-se queda de 1,2 pp. e a queda mais acentuada entre os meses de abril e maio, em 9 pp.

Gráfico 1

industria2012.2graf1.JPG

Fonte: IBGE – Índice Base fixa 2002=100 – Elaboração própria

Analisando a Produção Física Média entre as categorias de uso, verifica-se que mesmo com a queda na Indústria geral, um dos mais importantes setores elevou-se no Segundo trimestre, os Bens de Capital. Entre os meses de Março e Abril o crescimento alcançou os 4,71 p.p. e, mantendo-se praticamente constante em Maio para ter outro ligeiro crescimento em Junho (0,26 p.p.). Por sua vez, os Bens de Consumo Duráveis fizeram movimento oposto, acumulou queda nos meses de maio e junho, fechando o trimestre em queda. Os Bens Intermediários oscilaram no trimestre sofrendo queda em Abril e Maio, mas acabou se recuperando e fechando o trimestre em patamar superior ao que iniciou.

Gráfico 2

industria2012.2graf2.JPG

Fonte: IBGE – Índice Base fixa 2002=100 – Elaboração própria

Outro meio importante de se tirar conclusões sobre a Indústria doméstica é a utilização da capacidade instalada. Nela delimita-se o nível de uso dos recursos de produção dentro da economia. Mediante este fato, é plausível reafirmar a desaceleração da Indústria brasileira; os níveis estão em queda há um longo período, no entanto, estão numa queda menos vertiginosa no Segundo trimestre de 2012.

Ao fechar o mês de Junho no valor de 80,8%, o índice igualou o pior resultado desde o mês de fevereiro de 2010. No entanto, é comum a UCI aumentar no Segundo semestre do ano e, portanto, há sinais de recuperação.

Gráfico 3

industria2012.2graf3.JPG

Fonte: CNI – Elaboração própria

Mesmo com o rendimento baixo na produção, a Produtividade da Indústria não sofreu tanto. As horas pagas sofreram redução de magnitude semelhante. Evidencia-se que essa situação não é favorável, pelo fato de estar em proporção semelhante, no entanto, em níveis mais baixos. Podem-se perceber também desempenhos extraordinários nos meses de Dezembro e Janeiro dos anos, com enormes variações positivas.

Como registrado anteriormente ao se calcular o índice de produtividade, as horas trabalhadas na produção estão oscilando em certa magnitude, o que evidencia a falta de produtividade da economia brasileira ao se contrastar com a Produção Física. Ao se calcular Produtividades Médias, por meio do cálculo da Média Móvel Mensal também se evidenciou a perda de produtividade que vem assolando a economia brasileira. Há o questionamento de que a perda de produtividade, somado aos aumentos salariais, tem papel relevante nas pressões inflacionárias atuais. No caso, os salários estariam acima da Produtividade Média provocando a perda da margem de lucro dos empresários e reduzindo a competitividade dos produtos internos, além de aquecer a demanda interna do país acima do normal.

Gráfico 4

industria2012.2graf4.JPG

Fonte: IBGE – Produção Física: Índice Base Fixa 2002=100- Horas Pagas: Índice base Fixa 2001=100 – Elaboração própria

Gráfico 5

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Fonte: IBGE – Produção Física: Índice Base Fixa 2002=100- Horas Pagas: Índice base Fixa 2001=100 – Elaboração própria

Um interessante fato observado é como o emprego se mantém constante ao mesmo passo em que a produtividade média e a Produção Física estão em queda. Esse fato é um dos objetivos do governo ao tentar estimular a demanda através do consumo, no entanto, há chance de choque inflacionário. Contudo, não podemos ser tão otimistas em relação ao emprego, pois os níveis observados no segundo trimestre de 2012 são menores que o do mesmo período do ano anterior, mas ainda estão em patamar desejável.

O emprego na indústria na passagem do primeiro para o segundo trimestre desse ano, registrou uma queda de 6%, valor considerável frente aos resultados anteriores mais próximos. No entanto, ao longo do trimestre recuperou-se com taxas de 1% (Maio) e 3% (Junho), mas não suficientes para retornar ao nível antes estabelecido no final do trimestre anterior. Vale ressaltar que mesmo com o desempenho ruim da produção, o emprego manteve desempenho considerável, contribuindo para manter o nível de atividade da economia estável. A manobra usada para contornar a perda constante da participação da indústria no PIB é de manter a economia aquecida pelo consumo.

Gráfico 6

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Fonte: CNI – Elaboração própria

Como já mencionado as horas trabalhadas, que acompanham as horas pagas, têm oscilado em torno de uma média que tem se reduzido gradativamente. Essa constância evidencia a perda de produtividade da indústria doméstica. Tratando especificamente do segundo trimestre, os 2 primeiros meses tiveram queda de 0,6 (Março) e 1,3 (Abril), contudo, em Maio houve um desempenho surpreendente variando positivamente na magnitude de 1,8.

Gráfico 7

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Fonte: CNI – Elaboração própria

Nas informações do mercado externo, tanto as exportações quanto as importações em seu índice quantum apresentaram no mês de Junho retração em, praticamente, todas as categorias de uso. No entanto, deve-se lembrar de que o mês imediatamente anterior, referente a maio, obteve aumentos em todas as categorias, sem exceções. A única categoria que não caiu em junho foram a dos Bens de Capital que, na verdade, ficou constante.

Muito dessa queda na quantidade exportada pode ser atribuída à ainda iminente crise nos países da Europa e alguns do MERCOSUL como, por exemplo, a Argentina. Mesmo esses países estando perdendo espaço na pauta de exportação do Brasil, ainda têm parcela considerável.

Nas importações, destaca-se a queda nos bens de consumo duráveis e também os Bens de Capital. Esses tipos de bens são os que têm maior participação nas importações e destacam a necessidade do Brasil de importar produtos de média-alta tecnologia. Ressaltando que esse fato não é recente e perpetua-se esse problema crônico ao longo da história do Brasil. Percebe-se que os Bens de Capital são os que menos oscilam na série histórica e, portanto, que sempre apresentam uma demanda semelhante. (gráficos 10 e 11 abaixo)

Gráfico 8

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Fonte: FUNCEX – Índice Base fixa 2006=100 – Elaboração própria

Gráfico 9

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Fonte: FUNCEX – Índice Base fixa 2006=100 – Elaboração própria